Fique por dentro do atual mercado do couro no Brasil

Com mais de 300 curtumes o Brasil é um dos maiores produtores de couro do mundo, mercado que movimenta mais de 6 milhões por ano.

CouroO couro é um material oriundo da pele animal e possui um conjunto de propriedades físicas e estéticas, que proporcionam alta durabilidade e estabilidade em relação à variação da temperatura e umidade dos produtos em que é aplicado. Devido a essas vantagens, o couro está presente na indústria de calçados, mobiliário, automobilística, tapeçaria, vestuário, entre outros. As propriedades do couro são resultados de sua natureza aliadas aos tratamentos químico e mecânico a que é submetido. O processo de curtimento à base de cromo é o mais utilizado atualmente.

Panorama do atual mercado do couro

O Brasil é um dos maiores produtores de couro no mundo. Em 2012, foram mais de R$ 6 bilhões em produção – equivalente a 0,29% do valor total da produção da indústria brasileira de transformação.

São 310 curtumes espalhados pelas cinco regiões do Brasil, com destaque para o Sul, que concentra 149 unidades, e em particular para o estado de Santa Catarina, responsável por 2,9%, do total das vendas de couro no país.

Dos 310 curtumes, 12,8% produzem couro curtido, 17,7%, couro semi acabado e 64,9%, couro acabado. Do total de couro produzido no Brasil, 3,4% é para consumo próprio, 24,8% usado na indústria nacional e 71,4% se destina à exportação.

Lei do couro – A correta aplicação da palavra

Em vigor, a Lei Nº 4.888 tem como objetivo proibir a utilização do termo couro em produtos que não sejam obtidos exclusivamente de pele animal. Essa lei orienta os setores a não utilizarem expressões como “couro ecológico” e “couro sintético”. O não cumprimento dessa legislação constitui crime de concorrência desleal, cuja a pena é detenção do infrator de três meses a um ano, ou multa. Por isso, é importante que o setor calçadista empregue corretamente a palavra couro para evitar problemas com a legislação.

O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) lidera um projeto, em nível nacional, chamado Blitz Lei do Couro. Ele tem por objetivo vistoriar a correta aplicação da palavra couro pelos estabelecimentos comerciais. A Blitz já passou por diversos estados brasileiros, inclusive por Santa Catarina, nas cidades de Florianópolis e Balneário

Camboriú. Neste sentido, o CICB elencou algumas dicas que auxiliam na identificação do couro genuíno:

Superfície: O couro possui textura e padrões irregulares, que o diferenciam do material sintético – que tende a ser mais uniforme

Dica! Toque na superfície do produto e perceba se há ou não irregularidade distribuída

Flexibilidade: A elasticidade e resiliência natural fazem parte das características que diferenciam o  couro do material industrializado

Dica! Faça um teste rápido: estique e aperte o produto e perceba se há rigidez.

Etiqueta: É possível identificar na etiqueta a composição do produto e, assim, verificar a procedência do material utilizado para a confecção do mesmo.

Aroma: O couro possui um aroma que o caracteriza, mesmo após todo o tratamento e acabamento dado a ele, para chegar a etapa final de uso

Dica! Sinta o aroma original do couro

Fabricação de couro – Curtumes à base de cromo

Apesar desse tipo de curtume existir há mais de um século e ser o mais popular na fabricação de couro, ainda falta compreensão do mercado em entender o modo de produção e seus benefícios para o couro. É importante que as empresas busquem esclarecimentos com entidades preparadas, que possam fornecer informações a respeito do assunto. O curtimento consiste em um processo de transformação de peles de animais em um material estável, durável e resistente ao ataque de microrganismos. Somente após esse processo, o material leva o nome de couro.

Atualmente, mais de 90% dos couros produzidos no Brasil são fabricados à base do mineral cromo e são classificados como couro curtido (wet blue).

Tipos de Couro

Couro cru: todos os tipos de pele animal (bovina, suína, caprina, ovina e outros) não curtida.

Couro semiacabado (crust): inclui o couro animal (bovino, suíno, caprino, ovino e outros) curtido, recurtido, tingido, lixado ou não, que ainda não recebeu acabamento.

Couro acabado: inclui couro bovino, suíno, caprino, ovino e outros, acabado e pronto para uso.

O cromo, em certas condições, é inofensivo e não traz perigos aos consumidores e ao meio ambiente. A escolha de fornecedores respeitáveis e que sigam as diretrizes básicas

no processo de aplicação, é uma das alternativas para que as empresas mantenham a qualidade do seu produto. A indústria coureira somente utiliza o cromo na forma trivalente, ou seja, no formato em que não há riscos ao ser humano.

Zonas da pele de couro

É fundamental que os profissionais do setor, responsáveis pelo desenvolvimento e produção do calçado, saibam identificar as zonas de pele do couro mais nobres. Assim, é possível garantir o melhor aproveitamento, tanto da matéria-prima trabalhada como do produto final.

O couro

A qualidade, flexibilidade e textura do couro dependem da sua estrutura fibrosa, ou

seja, do entrelaçamento das fibras e do seu processo de industrialização.

O curtidor

O curtidor, responsável pela escolha da parte do couro que será trabalhado, usa sua habilidade para produzir um material com propriedades específicas e que atendam uma finalidade requerida. No caso dos calçados, as solicitações variam bastante, devido à parte superior requerer propriedades específicas de cada marca.

Área Nobre

A zona central da pele é a que apresenta condições favoráveis para a produção

de um couro, com camurça mais aveludada, firme e fina. Esta região apresenta um tecido mais fibroso e compacto, proporcionando um curtido com textura mais firme e com menos tendência a quebras.

Mercado

Atualmente, o couro bovino é o mais empregado na fabricação de calçados, bolsas, carteiras, cintos, malas, entre outros produtos. Porém, a procura por outros tipos de couro tem crescido como a pele de suínos, caprinos, ovinos, jacarés, rãs e peixes.

Classificação de couro – Tipos de defeitos

O Programa de Classificação da Qualidade do Couro (PCQC) tem o desafio de integrar o produtor às indústrias frigorífica e curtidora, orientando-os quanto à qualidade da  produção através do manejo adequado e de um sistema de rastreabilidade da matéria-prima. Esse programa tem por objetivo melhorar a qualidade das peles, para que sejam aproveitadas pelos curtumes e transformadas em couro, sem nenhum tipo de defeito. No Brasil, a maior parte dos defeitos dos couros tem origem no campo, no transporte do animal vivo e no abate, por isso, é necessário que haja programas de conscientização.

Cartela de cores

CLASSIFICAÇÃO DE QUALIDADE DO COURO

1º e 2º – Couros que não apresentam nenhum defeito natural, de manejo (parasitas, escoriações, transporte), de marcação de fogo abaixo da barriga ou na cara.

3º e 4º – Couros que apresentam alguns defeitos devido à incidência de carrapatos, mas não apresentam defeitos abertos, como riscos e marcação de fogo profundo

– Couros com pequenas incidências de carrapatos e escoriações cicatrizadas e riscos leves.

– Couros com incidências de carrapatos, marcas de bernes e moscas do chifre já cicatrizadas.

– Couros que apresentam alta incidência de carrapatos, bernes abertos e riscos profundos

Vantagens da aplicação do couro

São várias as vantagens na utilização do couro. Ele é uma matéria-prima nobre, com durabilidade alta, resistente ao calor, à água, à flexão e à tração. O matéria ainda evita choques elétricos, quando empregado na sola do calçado. Além disso, o calçado de couro se adapta às formas do pé no decorrer do dia, proporcionando maior conforto

Ações recomendadas

Armazene corretamente o couro em prateleiras, com divisórias que variem de acordo com o tamanho e quantidade da matéria-prima. As prateleiras maiores são as mais indicadas para armazenagem do couro

Mantenha a temperatura abaixo dos 25ºC nos estoques onde o couro é armazenado. Assim, é possível evitar a proliferação do mofo e parasitas que possam prejudicar sua qualidade;

Conserve a umidade do ar em 60% e evite a falta de flexibilidade, elasticidade,  Resistência ao rasgamento e mofo. Lembre-se que o excesso/falta de umidade do ar altera as condições do couro;

Cuide com a intensidade da iluminação nos estoques e evite a perda do brilho, da cor e das propriedades físicas do couro;

Acompanhe as notícias e os dados do setor pelo site do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). O Centro possui uma vasta quantidade de materiais disponíveis, gratuitamente, para acesso. Confira também o ranking das empresas mais exportadoras.

SOBRE A RISA MÁQUINAS E COMPONENTES

A Revista Risa Máquinas e Componentes traz conteúdo relacionado ao setor calçadista, com ênfase nas novidades em equipamentos. Com textos e artigos voltados a empresários e fabricantes de todo o país, a revista circula a cada três meses.

Além de mostrar os modelos que possam servir de inspiração, a Risa Máquinas e Componentes possui um leque de maquinários e materiais que podem ser usados na produção de calçados de qualidade.

O Objetivo da revista é oferecer a quem produz sugestões que resultem em ganhar tempo, produzir melhor, com mais qualidade e beleza. Estratégias de vendas, ideias para agradar aos empresários e dicas sobre atendimento, produção e relacionamento com funcionários também são assuntos em pauta.

A Risa Máquinas e Componentes é a revista certa para o fabricante que busca informações e, consequentemente, o lugar ideal para quem deseja oferecer matéria prima e maquinário de ponta aos produtores de todo o Brasil!